sábado, 9 de julho de 2011

Projeto órfaos

Mantendo a tradição de escrever uma vez por semana, dessa vez vou contar do novo projeto em que eu estou trabalhando.

Tem uma americana aqui que ajuda muito a nossa ONG e ela decidiu fazer um projeto para ajudar os órfãos que estão em nosso programa de ajuda a família e eu estou trabalhando com ela nesse projeto. A idéia é entrevistar as famílias, visitar suas casas e tirar fotos. Depois ela vai fazer calendários e coisas assim com as fotos e fazer um blog com as histórias das crianças pra tentar levantar fundos para ajudá-los.

Já entrevistamos quase todas as famílias e agora estamos fazendo as visitas. Essa semana visitamos 6 famílias e eu vou colocar algumas fotos aqui pra vocês terem uma idéia.

Essa primeira família vive em San Jorge, uma vila perto de Panajachel. O lugar é basicamente uma igreja em um vale e as casas ficam em volta, em cima dos morros. Tivemos que subir uma meia hora pra chegar na casa deles.


Essas são Cindy e Ingred, elas têm mais dois irmãos que não estavam em casa. A mãe delas começou a beber e foi encontrada morta há dois anos atrás, ninguém sabe explicar exatamente o que aconteceu com ela. Eles não são bem órfãos, porque vivem com o pai, mas desde que a mãe morreu o pai começou a beber e também não cuida muito dos filhos, por isso eles estão no programa.

As duas meninas e um dos irmãos tem um padrinho que paga a escola para eles, então todos estão estudando. O irmão mais velho já trabalha.

Nessa outra família o pai morreu e depois a mãe morreu (quando o Cristobal, esse menininho da foto tinha 7 meses) e a avó ficou cuidando dos 7 netos. Eles não sabem explicar exatamente de que doença eles morreram.

Muitas vezes é difícil de conseguir uma informação exata da história das pessoas, a forma como eles funcionam aqui é diferente e os médicos também não dão muita informação, então muitas vezes eles realmente não sabem o que aconteceu.

Essa é a avó, Dona Isabel Solis, com 3 dos 7 netos. Seis ainda moram com ela, um trabalha e mora fora. O esposo dela também faleceu e ela vende tamales (uma comida típica daqui) pra sustentar os netos, mas o dinheiro não é suficiente.

A próxima família é de duas meninas, Elisa (essa que está na foto) e Lesly Stephanie (que estava na escola quando chegamos). A mãe delas morreu de câncer há 3 anos e o pai foi embora de casa e um ano depois morreu também (eles não sabem explicar de que).

Elas vivem com os avós e alguns tios e primos, todos na mesma casa. As duas meninas vão à escola e a mais velha está fazendo magistério e se forma esse ano, ambas com a ajuda da nossa ONG, que encontrou padrinhos para pagar a escola para elas.

Esse é o fogão em que eles cozinham. Aqui é muito comum as pessoas cozinharem em fogão de lenha.
E essa é a última familia desse post. São 6 crianças. O pai foi assassinado dentro de casa (mas ninguém estava presente), eles não sabem se por motivos políticos, de drogas ou alguma outra coisa. Tempos depois a mãe ficou doente e morreu. Eles ficaram vivendo com a avó e com duas tias, ambas com 1 filho cada e sem marido.

Todos vivem nessa casa em cima de um morro (sim, a vista é linda, mas a casa é muito pobre). A casa está em risco porque com a chegada das chuvas ela pode desmoronar e eles vivem isolados, sem vizinhos por perto.

Essa é a filha de uma das tias, ela adora sair nas fotos.

Essa é uma das órfás, Dalila, perto do fogão onde eles cozinham.

E essa é a família. A avó com 5 das crianças, (o outro estava na escola), o pequeno é filho de uma das tias que vive com eles.

Uma das primeiras coisas que eu aprendi aqui, é que não dá pra comparar o estilo de vida que nós levamos com o que eles levam. A população indígena daqui tem costumes diferentes e uma cultura muito própria e não dá pra ter pena quando vemos casas de barro e fogão de lenha, porque é assim que eles estão acostumados a viver.

Mas também não dá pra aceitar que eles passem frio, fome e adoeçam por não ter água filtrada pra beber e nessa linha entre o que é cultural e o que é necessidade que a minha ONG trabalha.

E minha mãe sempre me pergunta se não é muito triste estar cercada por tudo isso e o que eu digo é que seria muito mais triste se eles não estivessem recebendo ajuda e eu estou feliz por poder fazer alguma coisa, mesmo que muito pequena, por essas pessoas que realmente precisam.

Então é isso, em breve coloco mais fotos e notícias!
Beijos

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